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AS ORIGENS LATINAS


A Antiguidade Clássica é o termo utilizado para caracterizar um longo período da história cultural centrado no Mar Mediterrânio, compreendendo a interligação da Grécia Antiga e a Roma Antiga, cuja cultura foi absorvida pelos povos bárbaros que invadiram Roma e a transferiram para os países que na actualidade são a Europa latina que inclui principalmente a Itália, a França, Portugal (a), a Roménia e a Espanha, como também pequenos Estados como S. Marino, o Vaticano, Andorra, a Moldávia e Mónaco. Pode-se também incluir as regiões francófonas da Bélgica (Valónia), Luxemburgo e Suíça, como também o Tessino (italófono) na Suíça situado no sul do país, e incluindo as cidades de Lugano e Locarno e regiões em que usam a língua Romanche (b) também na Suíça. A maior parte destes países é membro da União Latina.
A Antiguidade Clássica é convencionada, o seu início, com o primeiro registo da poesia grega de Homero (século 8-7 aC.), continuando através do aparecimento do Cristianismo e o declínio do Império Romano do Ocidente (século V da nossa era). Teve o seu término com a dissolução da cultura clássica e o fim da Antiguidade Tardia (dC. 300-600), iniciando as Idades Médias (dC. 500-1000), respectivamente, Alta Idade Média e Baixa Idade Média.
Aquele período da história cobriu várias culturas e períodos." A Antiguidade Clássica" tipicamente refere-se à visão idealizada, como disse Edgar Allan Poe, "A Glória que foi a Grécia, a Grandeza que foi Roma!"
A civilização dos antigos gregos tem influenciado a língua, política, sistemas educacionais, filosofia, ciência, arte e arquitectura do mundo moderno, abasteceu a Renascença na Europa Ocidental e ressurgiu durante vários movimentos neoclássicos nos séculos XVIII e XIX.
A arte e cultura clássicas, muitas vezes denominadas como Antiguidade Clássica, constituem o estilo artístico e cultura predominantes na Grécia Antiga entre os séculos VI e IV a.C. e a sua herança continuada pelos diversos períodos político-culturais da Roma Antiga. Na Antiga Grécia, o estilo clássico veio substituir o arcaico, que era baseado na tradição religiosa pré-democrática e que tinha por característica imagens geometrizadas e pouco naturalistas. Com o advento de uma sociedade mais laica e ligada ao pensamento filosófico, os artistas tiveram que buscar uma solução que ligasse o divino - a arte ainda era encomendada para representar deuses e motivos religiosos - ao humano, novo campo de interesse ligado à política democrática da pólis e de pensadores como os sofistas e os filósofos, preocupados em compreender a relação entre o homem e o universo. Nesse contexto, construíram uma estética naturalista mas idealizada, baseada em cânones que eram a média das características físicas das pessoas mais belas.

Na Antiguidade greco-romana não se vislumbrava qualquer diferenciação entre arte e técnica, o mesmo é dizer, entre artista e artesão. A teknê grega, bem como a ars latina referiam-se não só a uma habilidade, a um saber fazer, a uma espécie de conhecimento técnico, mas também ao trabalho, à profissão, ao desempenho de uma tarefa. O técnico era aquele que executava um trabalho, fazendo-o com uma espécie de perfeição ou estilo, em virtude de possuir o conhecimento e a compreensão dos princípios envolvidos no desempenho. Sempre associada ao trabalho dos artesãos, a arte era susceptível de ser aprendida e aperfeiçoada, até se tornar uma competência especial na produção de um objecto. Por não resultarem apenas de uma competência ou mestria obtidas por aprendizagem, mas sobretudo do bafejo de um talento pessoal, a composição musical e a poesia não faziam parte da arte, eram emocionais.
Predominaram na época os nus masculinos e a representação de atletas, como Hermes e Dionísio de Praxíteles ou o Discóbolo. Fídias foi um grande expoente da arte do período, supervisionando o entalhe das esculturas que adornavam o frontão do Pártenon, em Atenas. Chegaram à posteridade principalmente exemplares de escultura, mas Plínio, o Velho, cita diversos exemplos de pinturas desse período. O mármore e o bronze eram os materiais preferidos, e foi nessa época que foi criada a técnica de moldagem em bronze chamada cera perdida.

Os conceitos de arte e cultura clássicos incluem a literatura clássica ou greco-romana: as diversas formas da literatura grega e a literatura latina (como a poesia, o teatro, a historiografia - historiografia clássica e a filosofia - filosofia grega); e no âmbito da arte não apenas as denominadas belas artes, mas também todas as artes menores  (estendendo-se por vezes a toda a cultura material). Também formam parte da civilização clássica ou civilização greco-romana as demais manifestações da sua cultura, crenças (mitologia clássica - mitologia grega, mitologia romana) e a vivência cultural da vida quotidiana  (costumes da Antiga Grécia, costumes da Antiga Roma), a economia, sociedade e organização política, militar e religiosa.
(a) – Portugal que vai perder essa etimologia linguística com o novo acordo ortográfico estabelecido com os países de origem lusófona, com maior incidência brasileira.
 
(b) A língua romanche, também chamada de reto-romanche ou rético, é uma das quatro línguas nacionais da Suíça, conjuntamente com a língua alemã, a língua italiana e a língua francesa. Trata-se de uma língua neolatina do ramo ocidental, que se acredita descender do latim vulgar falado pelos romanos que ocuparam a área na Antiguidade.

O pensamento de Émile Durkheim e a anomia no século XXI


Durkheim (1851/1917) formou-se em Filosofia, porém toda a sua obra e vida é dedicada à Sociologia. O seu principal trabalho é na reflexão e no reconhecimento da existência de uma "Consciência Colectiva". Ele parte do princípio que o homem seria apenas um animal selvagem que só se tornou humano porque se tornou sociável, ou seja, foi capaz de aprender hábitos e costumes característicos de seu grupo social para poder conviver no meio deste.
A este processo de aprendizagem, Durkheim chamou de "socialização", a consciência colectiva seria então formada durante a nossa socialização e seria composta por tudo aquilo que habita nas nossas mentes e que serve para nos orientar como devemos ser, sentir e comportar. A esse "tudo" ele chamou de "factos sociais", e disse que esses eram os verdadeiros objectos de estudo da sociologia.
Nem tudo o que uma pessoa faz é um facto social, para o ser tem que atender a três características: generalidade, exterioridade e coercitividade. Isto é, o que as pessoas sentem, pensam ou fazem independentemente das suas vontades individuais, é um comportamento estabelecido pela sociedade. Não é algo que seja imposto especificamente a alguém, é algo que já estava lá antes e que continua depois e que não dá margem a escolhas.
O mérito de Durkheim aumenta ainda mais quando publica o seu livro "As regras do método sociológico", onde define uma metodologia de estudo, que embora sendo em boa parte extraída das ciências naturais, dá seriedade à nova ciência. Era necessário revelar as leis que regem o comportamento social, ou seja, o que comanda os factos sociais.
Nos seus estudos, os quais serviram de pontos expiatórios para o início de debates, o que perdurou praticamente até o fim de sua carreira, ele concluiu que os factos sociais atingem toda a sociedade, o que só é possível se admitirmos que a sociedade é um todo integrado. Se tudo na sociedade está interligado, qualquer alteração afecta toda a sociedade, o que quer dizer que se algo não vai bem em algum sector da sociedade, toda ela sentirá o efeito. Partindo deste raciocínio ele desenvolve dois dos seus principais conceitos: Instituição social e Anomia.
A instituição social é um mecanismo de protecção da sociedade, é o conjunto de regras e procedimentos padronizados socialmente, reconhecidos, aceites e sancionados pela sociedade, cuja importância estratégica é manter a organização do grupo e satisfazer as necessidades dos indivíduos que dele participam. As instituições são, portanto, conservadoras por essência, quer seja família, escola, governo, polícia ou qualquer outra, elas agem fazendo força contra as mudanças, pela manutenção da ordem.
Durkheim deixa bem claro na sua obra o quanto acredita que essas instituições são valorosas e parte em sua defesa, o que o deixou com uma certa reputação de conservador, que durante muitos anos causou antipatias. Mas Durkheim não pode ser meramente tachado de conservador, a sua defesa das instituições baseia-se num ponto fundamental, o ser humano necessita de se sentir seguro, protegido e apoiado. Uma sociedade sem regras claras, num conceito do próprio Durkheim, "em estado de anomia", sem valores, sem limites leva o ser humano ao desespero. Preocupado com esse desespero, Durkheim dedicou-se ao estudo da criminalidade, do suicídio e da religião. O homem que inovou construindo uma nova ciência inovava novamente preocupando-se com factores psicológicos, antes da existência da Psicologia. Os seus estudos foram fundamentais para o desenvolvimento da obra de outro grande homem: Freud.
Basta uma rápida observação do contexto histórico do século XIX, para se perceber que as instituições sociais se encontravam enfraquecidas, havia muito questionamento, os valores tradicionais eram rompidos e novos surgiam, muita gente vivendo em condições miseráveis, desempregados, doentes e marginalizados. Ora, numa sociedade integrada essa gente não podia ser ignorada, porque de uma forma ou de outra, toda a sociedade sofreria as consequências. Aos problemas que observou, classificou como patologia social, e chamou aquela sociedade doente de "Anomia". A anomia era a grande inimiga da sociedade, algo que devia ser vencido, e a sociologia era o meio para isso. O papel do sociólogo seria, portanto, estudar, entender e ajudar a sociedade.
Na tentativa de "curar" a sociedade da anomia, Durkheim escreve "Da divisão do trabalho social", onde discorre sobre a necessidade de se estabelecer uma solidariedade orgânica entre os membros desta. A solução estaria em seguir o exemplo de um organismo biológico, onde cada órgão tem uma função e depende dos outros para sobreviver. Se cada membro exercer uma função específica na divisão do trabalho da sociedade, ele estará vinculado a ela através de um sistema de direitos e deveres, e também sentirá a necessidade de se manter coeso e solidário aos outros. O importante para Durkheim é que o indivíduo realmente se sinta parte de um todo, que realmente precise da sociedade de forma orgânica, interiorizada e não meramente mecânica.

UTOPIA


Utopia tem como significado o conceito de civilização ideal, podendo referir-se a uma cidade ou a um mundo imaginário no futuro ou no presente. A palavra utopia tem origem dos filósofos gregos radicais, “ou” não “tópos” lugar, “não-lugar” ou lugar não existente mas que pode existir e, também, do latim tardio utopia, que Thomas More decidiu escrever sobre um lugar novo e puro onde existiria uma sociedade perfeita ou país imaginário em que tudo está organizado de uma forma superior. O utopismo é um modo optimista de ver as coisas como gostaríamos que elas fossem. Muitos autores, como Arnhelm Neusüss (sociologia do conhecimento), têm defendido que as utopias modernas são essencialmente diferentes das suas predecessoras. Outros dizem que em rigor as utopias só se dão na modernidade e chamam cronotopias ou protoutopias às utopias anteriores à obra de More. Desde esta perspectiva, as utopias modernas estão orientadas para o futuro. Assim as utopias expressam uma rebelião frente ao dado existente na realidade e propõem uma transformação radical, que em muitos casos passa por processos revolucionários. O sociólogo Karl Mannheim considera utopia como um plano de mudança social; critica a definição de "sonho irrealizável", pois só podemos saber se um sonho é ou não irrealizável depois de ter sido vivido, posto à prova. As utopias têm derivações no pensamento político, como por exemplo nas correntes socialistas ligadas ao marxismo e ao anarquismo, literário e incluindo cinematográfico através da ciência e ficção social. Agostinho da Silva dizia que é necessário ver a ideia do futuro não como muita gente a vê, como uma coisa impossível de se realizar, mas sobretudo, como uma coisa possibilíssima de ser ultrapassada de tal maneira que nós nem pudéssemos entender.

SURREALISMO


O Surrealismo
foi um movimento artístico e literário surgido primeiramente em Paris nos anos 20, inserido no contexto das vanguardas que viriam a definir o modernismo no período entre as duas Grandes Guerras Mundiais. Reúne artistas anteriormente ligados ao Dadaísmo ganhando dimensão internacional. Fortemente influenciado pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud (1856-1939), o surrealismo enfatiza o papel do inconsciente na actividade criativa. Um dos seus objectivos foi produzir uma arte que, segundo o movimento, estava sendo destruída pelo racionalismo. O poeta e crítico André Breton, francês da Baixa Normandia (1896-1966) é o principal líder e mentor deste movimento.
Mário Cesariny de Vasconcelos 
(Lisboa, 9 de Agosto de 1923 a 26 de Novembro de 2006) foi pintor e poeta, considerado o principal representante do surrealismo português. É de destacar também o seu trabalho de antologista, compilador e historiador (polémico) das actividades surrealistas em Portugal.


UTOPIA


Não quero... Não!
Não quero “ismos” nem “istas”,
Nem outras teorias idealistas...
Nem bandeiras ou cadeiras,
Nem tachos…nem panelas,
Nem cores, nem símbolos.
Não quero cor nenhuma…!
Nem branco nem preto…
Quero o arco-íris.

Não quero pensamentos teóricos,
Cáusticos, filosóficos ou Teológicos,
Perfeitos ou matemáticos,
Universais ou cabais.
Apenas quero ser livre.
Sem grades nas janelas.
Torres ou muros...  
Nem grilhetas ou sentinelas.

Quero ter ânimo…
Livre... Como tu, Liberdade!
Desobrigar-me de vez
Da teia que me prende.
Em selva de betão armado,
Oblíqua, preconcebida,
Com fronteiras de pedra…

Quero ser simples assim:
Apenas corcel solto, alado.
Viver amor, acompanhado...

Com esta lira que vos roço,
Desatento, sem dó…
Canto a utopia da liberdade!

Sem ser o que querem.
Quero ser como sou
Sem ser como era!

Conjecturo o Universo,
Distante… Vigiando,
Da janela do meu quarto,
Única fresta de raio de luz,
Que penetra no engano,
Vejo o Mar... E o Sol a cair,
No horizonte... E na noite,
Que se perpetua para sempre…
Para além do dia circundante.        
Eternamente quero-te Liberdade…

José Douradinha (Setembro 2010)