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PROPÓSITO

A CONEXÃO RÁPIDA, CRÍTICA, ENTRE A IMAGEM E A PALAVRA.

O MUNDO E CONTROVÉRSIA.

A ARTE E A POESIA SOBRE A MESA.

A LIGAÇÃO A OUTROS BLOGUES.

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FERNANDO PESSOA E SALAZAR


ISTO

Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está de pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê! 



Como Fernando Pessoa via Salazar…
“António de Oliveira Salazar
Três nomes em sequência regular…
António é António.
Oliveira é uma árvore.
Salazar é só apelido.
Até aí está bem.
O que não faz sentido
É o sentido que tudo isto tem.
Este senhor Salazar
E feito de sal e azar.
Se um dia chove,
A água dissolve o sal,
E sob o céu
Fica só azar, é natural.
Oh, c’os diabos!
Parece que já choveu… “
Fernando Pessoa

NOTA: António de Oliveira Salazar foi Ministro das Finanças por breves meses em 1926. Depois disso, foi novamente ministro das Finanças entre 1928 e 1932; desde este ano foi Primeiro-Ministro até 1968; faleceu em 1970. Instituidor do Estado Novo  (1933-1974, desde 27/09/68 com o Prof. Marcelo Caetano). Fernando Pessoa faleceu a 30 de Novembro de 1935, em internamento hospitalar. Embora seja um poeta universalista, grande parte das suas poesias e escritos só foram do conhecimento público português e estudados nas escolas após 1974.  

A INDEPENDÊNCIA DO HOMEM


Mal podemos acreditar no filósofo a quem tudo deixa indiferente; não acreditamos na tranquilidade do estóico, não desejamos sequer a impavidez, porque a própria condição humana nos lança na paixão e no medo, e são as lágrimas e o júbilo que nos permitem conhecer o que é. Eis por que somente o impulso ascendente nos liberta das perturbações anímicas e não é pela supressão que nos encontramos.

Temos, pois, que nos arriscar a ser homens e, enquanto homens, fazermos o que pudermos para alcançar a independência conquistada. Sofreremos então sem queixume, desesperar-nos-emos sem nos afundarmos, abalados mas nunca completamente derrubados quando suspensos à íntima independência que em nós se gera.
A filosofia, porém, é a escola dessa independência, não a sua posse. 

Karl Jaspers, in 'Iniciação Filosófica'

Karl Theodor Jaspers, (Oldenburg, 23/02/1883 - Basileia, 26/02/1969)
Estudou medicina e, depois de trabalhar no hospital psiquiátrico da Universidade de Heidelberg (Alemanha), tornou-se professor de psicologia da Faculdade de Letras dessa instituição. Desligado de seu cargo pelo regime nazi em 1937, foi readmitido em 1945 e, três anos depois, passou a leccionar filosofia na Universidade de Basileia (Suiça).

POESIA DE CARLOS OLIVEIRA


OLEO DE MÁRIO DIONISIO

Bolor
Os versos
que te digam
a pobreza que somos,
o bolor nas paredes
deste quarto deserto,
o orvalho da amargura
na flor
de cada sonho
e o leito desmanchado
o peito aberto
a que chamaste
amor.
Carlos de Oliveira, in “Poesias”
 

PALHAÇO QUE CHORA


"Mas que espécie vens tu a ser?, perguntou Leo.
Sou um palhaço, respondi eu, e colecciono instantes. Adeus."
Heinrich Böll


"Se tivesse acreditado na minha brincadeira de dizer verdades teria ouvido verdades que teimo em dizer brincando, falei muitas vezes como um palhaço mas jamais duvidei da sinceridade da plateia que sorria.

Eu continuo sendo apenas um palhaço, o que já me coloca em nível bem mais alto do que o de qualquer político."
Charles Chaplin