Entrei pelo mar adentro.
Desci ao leito do mar profundo,
Ao reino de Neptuno, desse mundo:
Na enseada d’Arrábida me iniciei,
Até ao Espichel pelo fundo mergulhei,
nas pedras negras, daquele mar...
De Sagres à Madeira, pelas Desertas,
Selvagens ao Indico, pelo Mar Vermelho.
Açores, Formigas a Porto Santo,
Berlengas, Estelas e Farilhões.
Pelas Flores e Corvo, naveguei
e em todas elas com azul mar.
Vi mar e mar sem terra à vista,
ondas cavas e mar sereno;
ventos fortes de meter medo;
gigantes raios a rasgar o céu,
a iluminar o firmamento.
Com trovões de barlavento.
Pelo mar fui navegando,
pelo fundo fui mergulhando:
Vi caravelas naufragadas,
das almas nobres lusitanas,
da gente antiga, daquele mar.
Das lendas épicas já cantadas,
vi sereias belas e mundanas.
Vi cores vivas de encantar,
Ninfas de corais e coisas mais...
JMBD, in Mondo sommerso
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