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Flor Bela de Alma da Conceição Espanca


FLORBELA ESPANCA, nasceu em Vila Viçosa a 8 de Dezembro de 1894 e faleceu em Matosinhos a 8 de Dezembro de 1930 com 36 anos.  Foi poetisa e autora de vários contos. Depois de concluir os estudos liceais em Évora, frequentou a Faculdade de Direito de Lisboa. A abordagem crítica da sua obra poética, marcada pela exaltação passional, tem permanecido demasiado devedora de correlações, mais ou menos implícitas, estabelecidas entre o seu conturbado percurso biográfico. Na minha opinião foi uma mulher que viveu “um tempo fora do tempo”, talvez em Portugal numa época vitoriana tardia. Seria hoje diferente, embora surgissem, como surgem ainda, contra, algumas opiniões conservadoras. Teve uma vida sofrida mas intensa de emoções, amor/desamor/paixão.

Lembro-me que na minha juventude de Liceu (período conservador) a leitura de Florbela Espanca era proibida a sectores femininos juvenis das elites estudantis nas instituições de origem religiosa.
Quem foi realmente Florbela?
Ninguém é definível numa só dimensão, num só conjunto de qualidades, todo o ser é uma intersecção de adjectivações diferentes e até opostas. No caso da poetisa tem a particularidade de ser ela própria a evidenciá-lo, permanentemente e sem constrangimentos. Florbela estimula e antecede o "movimento de emancipação literária da mulher" que romperá "a frustração não só feminina como masculina, das nossas opressivas tradições patriarcais". Na sua escrita é notável, "a intensidade de um transcendido erotismo feminino", tabu até então, e ainda para além do seu tempo, em dizeres e escreveres femininos. Do simbolismo ao modernismo, enumerando várias tendências como "método de exposição pedagógica" inclui-se Florbela num grupo que se designa como "Outros poetas". Qualificam-na como "sonetista com laivos esteticistas" e "uma das mais notáveis personalidades líricas", embora vítima de uma sociedade puritana e dogmática, foi votada ao ostracismo clerical para além do seu tempo. O seu egocentrismo, sedento de glória, que não retira natural beleza à sua poesia, é por demais evidente para não ser referenciado praticamente por todos. Na sua escrita há um certo número de palavras em que insiste incessantemente. Antes de mais, o “EU”, presente, dir-se-á, em quase todas as peças poéticas. Largamente repetidos vocábulos reflexos da paixão: alma, amor, saudade, beijos, versos, poeta, e vários outros, e os que deles derivam. Escritos de âmbito para além dos que caracterizam essa paixão não são abundantes, particularmente na obra poética, salvo no que se refere ao seu Alentejo. Não se coloca socialmente, sempre como observadora distante, mesmo quando tal parece, exterior a factos, ideias ou acontecimentos. Curiosa é a posição da poetisa quanto ao casamento. Mau grado dizer que a única desculpa que se atribui é ter casado por amor (!!!), várias vezes se afirma inteiramente contra, apesar de ter contraído matrimónio por três vezes... Entre os poetas seus preferidos destacam-se António Nobre, Augusto Gil, Guerra Junqueiro, José Duro e outros de correntes próximas. Interessa-se também por Antero de Quental. Pela não publicação das suas obras, ora se mostra descontente por não encontrar editor para os livros que, após os dois primeiros, deseja dar a público, ora pretende mostrar-se desinteressada, mesmo desdenhosa pelo facto, embora o desgosto seja latente. Passados perto de setenta anos sobre a sua morte, na transição do nosso século, foram falados comportamentos menos ortodoxos em relação à moral sexual do seu tempo. Algumas expressões emocionais um tanto excessivas para a época, embora não exclusivas da escritora, ajudaram a suspeita. Lembramos a sua correspondência e as referências ao irmão, Apeles Demóstenes da Rocha Espanca que a 6 de Junho de 1927, faleceu vítima da queda do hidroavião que pilotava sobre o Tejo. Florbela, nos seus excessos verbais parecem não passar disso mesmo, imoderação para exprimir uma paixão; aqui, exaltação fora do comum de um amor fraternal, talvez excessivo, mas que não destoa do falar dos seus sentimentos. Esses limites alargados na expressão do amor, da amizade e das afeições, são uma constante expressiva e nada mais do que isso... Florbela poetisa não pode ser separada da sua condição de mulher, das suas paixões, da sua maneira de ser, da sua vida, das suas contradições, humildade e orgulho, preconceitos, da sua presença e ausência, dos seus amores e desamores. Florbela surge desligada de preocupações de conteúdo humanista ou social, inserida no seu pequeno mundo burguês, não manifesta interesse pela política ou pelos problemas sociais. Dizia-se conservadora. Quando ocorreu a revolução de 5 de Outubro de 1910, Florbela estava há dois dias com a família em Lisboa, mas não se conhecem comentários seus à vivência desse dia. A sua única preocupação é ela própria, o amor, a paixão... O querer e o não querer. A par duma vida pouco comum para os cânones vigentes - dois divórcios e três casamentos em cerca de quinze anos, essa relação mulher-paixão e a exaltação ao exprimir-se sobre si própria, podem ter contribuído para conceitos menos próprios da sua vida afectiva. Repare-se neste começo de um dos seus mais conhecidos sonetos:

          Eu quero amar, amar perdidamente!
          Amar só por amar: Aqui... além...
          Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
          Amar! Amar! E não amar ninguém!
No final da quadra seguinte:
          Quem disser que se pode amar alguém
          Durante a vida inteira é porque mente!


Na época, conservadora como hoje a classificamos, leva a crer muito provavelmente, num viver que nos factos se coadunará e não se distanciará muito dos preconceitos morais e sociais, ainda agora vigentes. A sua escrita diverge da concepção da poesia dos grupos de Orfeu, Presença e outras tendências do designado "Modernismo", que emergem como as grandes referências literárias da época, das quais Florbela parecerá arredada.
Florbela lembra claramente, o que a preocupa é o amor, e os ingredientes que romanticamente lhe são inerentes: a solidão, a tristeza, a saudade, a sedução, a evocação da morte, entre outros... E o desejo libido, mesmo quando trata outros temas. Olhemos uma das quadras do soneto que intitulou Toledo:
          As tuas mãos tacteiam-me a tremer...
          Meu corpo de âmbar, harmonioso e moço,
          É como um jasmineiro em alvoroço,
          Ébrio de Sol, de aroma, de prazer!


Florbela tentou o suicídio por duas vezes, em Outubro e Novembro de 1930, na véspera da publicação da sua obra-prima, Charneca em Flor. Após o diagnóstico de um edema pulmonar, a poetisa perdeu o resto da vontade de viver. Não resistiu à terceira tentativa de suicídio. Faleceu em Matosinhos, no dia do seu 36º aniversário. A causa da morte foi sobredose de barbitúricos embora na certidão da autópsia conste “edema pulmonar”.

ALGUNS CONTOS DA SUA AUTORIA:
Amor de Sacrifício;
Mulher de Perdição;
Amor de Outrora;
O Regresso do Filho;
As Orações de Soror Maria da Pureza;
O Sobrenatural, etc.

A sua descrição do amor, sensual, sofrido de paixão liberta-nos a imaginação de aforismos preconceituosos de um erotismo excessivo no seu tempo, a não ser que mentisse e apenas descrevesse o que nunca teve e mais desejasse:
  UM POEMA DE SUA AUTORIA:

Frémito do meu corpo a procurar-te,
Febre das minhas mãos na tua pele
Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel,
Doído anseio dos meus braços a abraçar-te,

Olhos buscando os teus por toda a parte,
Sede de beijos, amargor de fel,
Estonteante fome, áspera e cruel,
Que nada existe que a mitigue e a farte!

E vejo-te tão longe! Sinto tua alma
Junto da minha, uma lagoa calma,
A dizer-me, a cantar que não me amas...

E o meu coração que tu não sentes,
Vai boiando ao acaso das correntes,
Esquife negro sobre um mar de chamas...

Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"


LIVRO DE SÓROR SAUDADE:
 

OS AFRESCOS DE POMPEIA


Os Arqueólogos da era vitoriana (1817) que fizeram escavações sistemáticas nas antigas ruínas de Pompeia ficaram chocados com o que viram. Entre os belos afrescos e obras de arte encontraram muitas pinturas e esculturas que retratavam sexo explícito. Escandalizadas com a sua natureza libidinosa, as autoridades, encerraram-nas e guardaram-nas em museus secretos retirando-as ao conhecimento público. Para classificar esses artefactos explícitos, cunharam, pela primeira vez, o termo “pornografia” (do grego "pornē", prostituta, e "grafos", escritos sobre), abertos definitivamente ao conhecimento no ano 2000.
Hoje a pornografia, é definida como “figuras, fotografias, filmes, espectáculos, obras literárias ou obras de arte, relativos a assuntos inerentes, ou que tratam de coisas ou assuntos (literatura, contos poesia etc.,) ditos obscenos ou licenciosos, capazes de motivar ou explorar o lado sexual libidiniso do indivíduo."
Actualmente a pornografia  - erotismo e sensualidade - está em toda parte e parece ser aceite pela maioria esclarecida. Outrora restrita a “cine pornos” e zonas de prostituição, hoje ocupa um lugar importante em muitas comunidades. Há os que promovem a pornografia como uma forma de “revitalizar” casamentos monótonos. Certa escritora diz: “Ela estimula fantasias sexuais. Ensina a pessoa a ter prazer no sexo.” Para outros, a pornografia incentiva a tratar o sexo com franqueza, sem tabus. “A pornografia beneficia as mulheres”, diz a escritora Wendy McElroy, a libertar preconceitos sociais que há muitos anos as têm subjugado, pelos dogmas das religiões e pelos enraizados conceitos sociais vitorianos, até aos nossos tempos. 


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